Um anjo em forma de cão

Um anjo em forma de cão
Marcel Benedeti

Certa noite eu estava fazendo uma palestra sobre a Espiritualidade dos animais para pessoas na cidade de Osasco.
O assunto da palestra chamou a atenção, pois o tema central era a sobrevivência da alma dos animais depois da morte do corpo físico.
Apresentamos diversos argumentos que mostravam, por meio de observações científicas, a possibilidade dessa sobrevivência.
Ao final da palestra algumas pessoas nos cercaram para comentar sobre o assunto abordado e nos contar sobre diversas situações vividas por elas e que envolviam talvez um contato com espíritos de animais.
Um destas nos contou que voltava tarde da noite do trabalho depois de cumprir horas extras. Era quase uma hora da manhã.
A maioria das pessoas já dormia e as ruas estavam completamente desertas e silenciosas. O grande temor era o de algum assalto. Pessoa muito religiosa, pedia a Deus que não permitisse que nenhum gatuno se aproximasse dela enquanto tentava voltar para casa. Sua fé era inabalável, quero dizer, quase inabalável.
O temor de ser assaltada se transformou em algo quase insuportável, quando um black-out tornou as ruas já desertas e silenciosas em ruas assustadoramente escuras. O medo de que algum assaltante se aproximasse se tornou quase um pesadelo, pois ela teria que andar cerca de um quilômetro depois de descer do ônibus.
Em plena escuridão o veículo se aproximava do ponto onde deveria descer. Apenas as luzes dos faróis do coletivo iluminavam o local. As preces fervorosas de pedidos de auxílio por sua segurança se tornaram desesperadas. Enfim é preciso descer da condução e seguir para casa. “Seja o que Deus quiser...” – pensou ela.
Ao descer do ônibus, um cão de porte grande estava sentado calmamente como se aguardasse por alguém. O cão parecia conhecê-la, pois abanou a cauda alegremente como se encontrasse um velho amigo. Sem medo algum, ela afagou a cabeça do cão e seguiu em frente a caminho de casa. O cão latiu e a acompanhou por vários metros e às vezes corria por um instante para aguardar a aproximação do amigo. Assim ambos caminharam juntos enquanto ela agradecia por Deus permitir que um cão a protegesse.
Depois de quase dez minutos de caminhada em total escuridão, finalmente a casa estava próxima. O cão parecia sorrir ao amigo que já não demonstrava qualquer temor.
O portão rangeu ao ser aberto.
Ao se voltar para agradecer ao cão pela companhia, misteriosamente ele não mais estava lá. Não havia qualquer sinal dele por perto. Teria sido apenas imaginação?

0 comentários :



Topo